Há quatro meses funcionários e ministros do Tribunal
Superior Eleitoral passaram a trabalhar no novo prédio arquitetado por Oscar
Niemeyer.
Estava ao lado do então presidente do TSE, ministro Ricardo
Lewandowski, (cargo hoje ocupado pela ministra Cármen Lúcia) quando ele demonstrou
alegria junto aos jornalistas pelo novo prédio, mas ao mesmo tempo lamentou
pelo design do Plenário, cujo formato do balcão nada tem a ver com o formato utilizado no Brasil, em que os ministros ficam frente a frente
de seus pares, a fim de discutirem as decisões.
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Fachada do Novo Prédio do TSE - Foto: Gilda Diniz/JornaldaComunidade |
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Novo Plenário do TSE - Foto: Givaldo Barbosa/OGlobo |
Quando esse tipo de erro acontece, em que o cliente recebe por algo que não atende as suas necessidades, é porque algo se perdeu no
meio do caminho. A comunicação foi insuficiente ou sequer houve um levantamento
dos anseios do cliente. Resultado: frustração, retrabalho e aumento do custo. E há quem pense que esse tipo de coisa só acontece com peixe
pequeno, imagine.
O que ocorreu no novo prédio do TSE deixa mais cristalina a importância de um projeto de design de interior ou de um profissional que
busque compreender o que o cliente precisa . Quem passeia pelo interior do
Tribunal vê claramente a arquitetura linda, imponente e moderna de Niemeyer, mas basta olhar para o interior do Plenário e se vê uma contradição.
Como exemplo, vejamos o interior do Supremo Tribunal Federal (STF).
O prédio também foi projetado por
Niemeyer, mas em 1958. O design interno do Plenário do STF continua atual: o mármore branco trabalhado ao fundo, a predominância das cores claras em um ambiente tão formal, a iluminação natural, o detalhe do teto.
Agora, vemos o novo Plenário do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
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Foto: Divulgação STJ |
Voltemos ao TSE...
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Foto: Carlos Humberto/TSE - Plenário da nova sede |
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Foto: Givaldo Barbosa/OGlobo |
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Foto: Givaldo Barbosa/OGlobo
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O Plenário, além
desse problema grave reclamado pelos ministros no quesito funcionalidade (já que os ministros, ao invés de estarem dispostos numa posição que favoreça o diálogo entre eles, ficam de frente para uma platéia que no dia-a-dia deve se resumir a uma meia dúzia de pessoas), peca pelo excesso de cores escuras. O vermelho combinado à madeira adotada no painel de fundo e o balcão é como um grito na decoração. Já falei neste blog do cuidado que se deve ter ao utilizar o vermelho em demasia, pois é uma cor muito vibrante.
VERMELHO
Neste projeto, mesmo que as paredes sejam brancas e o teto, aliás bem trabalhado, o vermelho sangue do carpete e das poltronas roubaram completamente a atenção, além disso é lamentável um painel de madeira ao fundo tão básico para um projeto tão grandioso e importante.
Para agravar a situação, sabe-se que a cor vermelha em excesso incita à impulsividade, agressividade, irritação, violência, abuso do poder, entre outras características apontadas pela cromoterapia. Uma péssima escolha para um tribunal, um plenário, onde deve prevalecer a serenidade e a calma para que sejam tomadas decisões importantes.
Com tudo isso, só posso deduzir que a combinação exagerada que alguém fez ao escolher essas cores certamente veio de um conceito antiquado/ultrapassado do que um ambiente formal precisa ter para parecer ou ser imponente. A nós, resta apenas torcer para que os ministros não descontem suas irritações nas tomadas de decisão e nos funcionários do TSE.
A construção custou 327 milhões de reais.
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Foto: Givaldo Barbosa/OGlobo
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