segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Cortinas: quando e como usá-las - Parte I

A cortina é um item de grande efeito em uma decoração. “Ela veste o ambiente e cria uma atmosfera de aconchego, tornando-se um importante complemento decorativo. Entretanto, não se pode esquecer a função que motiva e existência da cortina, pois ela serve para atenuar a luz, vedar a intimidade e isolar ruídos”, ensina a decoradora e arquiteta Nida Chalegre.

Sala que mistura componentes contemporâneos e clássicos.
Cortinas de prega macho com persianas de madeira. 
Projeto: Débora Aguiar
Para se ter ideia da complexidade do tema vamos colocar algumas perguntas... Que tipo de vedação eu necessito? Quero atenuar a luz ou preciso de um escurecimento total para uma sala de TV, por exemplo? Vou usar “black out” ou uma persiana que atinja esse objetivo? Qual é o estilo do meu ambiente? É informal ou formal? Minha janela está numa posição central ou lateral? É grande ou pequena? Qual o comprimento que devo usar? Qual prega? Uso trilho ou varão? Qual a cor indicada?

Hoje, o mercado oferece uma infinidade de tecidos, materiais, modelos. Se você não tem um profissional para ajudá-lo nessa tarefa tenha calma, pesquise, leve em consideração todos os fatores envolvidos. Neste post vou tentar concentrar as informações mais importantes que aprendi sobre o assunto em cursos de decoração, em palestras e, claro, com minha própria experiência.

Antes de começar, vamos ver como são divididos os ambientes. Isso é essencial principalmente se você for um profissional da área. E acredite, MUITOS não têm esse conhecimento.


Ambiente formal
Dentro de um ambiente formal temos o clássico ou o luxuoso, em ambos os casos as cortinas precisam ser de formas mais rebuscadas, com drapeados e tecidos mais refinados como: brocados, sedas, shantungs... usados com bastante fartura, ultrapassando o limite do chão.

CLÁSSICO: num ambiente clássico as cortinas são fartas, de pregas, 
arrastam no chão e podem ser conjugadas com persianas.
LUXO: em um ambiente luxuoso em que em que o mobiliário remete ao estilo
francês como cadeiras Luís XV, italianos da renascença, portugueses ou
ingleses do século XVIII e XIX as cortinas seguem a tendência do estilo
com sanefas e bastante tecido. Foto: interior Castelo de Dublin - Irlanda
Mais do que arrastar, as cortinas devem passar do limite 
do chão cerca de 3 cm no caso clássico e até 30 cm no caso luxo.

Ambiente informal
Dentro do ambiente informal temos o simples e o rústico. Esses requerem cortinas de formatos mais simples e tecidos artesanais, como: fibras naturais, seda rústica, seda crua, linho, algodão ou a mistura de linho e poliéster, aliás o tipo de tecido mais comum e mais acessível ao consumidor na maioria das lojas de Cortinas.

SIMPLES: em um ambiente simples como casas ou 
apartamentos na cidade a cortina empregada pode ser de voil,
 tipo painel e rolô, bem como persianas horizontais e verticais.
Foto: perspectiva de apartamento da Real Nóbile

RÚSTICO: As cortinas para um ambiente rústico como 
casas-de-praia, fazendas, chalés e alguns cômodos residenciais 
como copa, varanda, entre outros devem ser franzidas, tipo painel...
podem ser confeccionadas em algodão cru ou chita, estampadas
tipo rendão, chochê, bambuzinho - bem ao estilo Lar Doce Lar,
em que se valoriza os materiais regionais.
Foto: blog da Claudinha

São quatro os tipos de comprimentos de cortinas:

CURTA
Essa cortina deve ir até o peitoril da janela, passando no máximo 10 cm, e são usadas em ambientes simples, rústicos, casa de campo, copas, cozinhas e quartos de criança. Afinal, você não quer que seu bebê de um ano aprendendo a andar fique se pendurando na cortina e possa se machucar, além de acabar com seu investimento. rsExcetuando esses ambientes/casos simplesmente ESQUEÇA a cortina curta. 
Há muito tempo está fora de moda.
CERTO - cortina curta na cozinha. Foto: Cortina Oxfort Morango

CERTO - cortina curta no quarto de bebê.

SEMI-LONGA
A cortina semi-longa vai até a altura de um móvel colocado sob a janela. Mas hoje já não é tão usual. Costuma ser preferência algum tipo de persiana. Nos casos abaixo as cortinas semi-longas foram SUPER bem empregadas. Siga o exemplo.

CERTO. Aqui a cortina semi-longa deu unidade ao ambiente, 
já que há uma cortina longa atrás do sofá. Imagine que 
assim ficou bem melhor do que ficaria se colocássemos 
uma persiana do lado direito. Imagem: Freshome 
CERTO. Aqui a semi-longa na copa deu um charme todo especial.

CERTO. Semi-longa acompanhando o tamanho da janela.


LONGA
Vai até o chão, usada em ambientes mais clássicos como salas de estar, homes. São as mais comuns.

CERTO! O caimento desta cortina de linho que passa um pouco
do piso é perfeito!
DICA: Deixe sempre a cortina longa  passar um ou dois dedos do chão. Uma cortina que fique ao menos dois centímetros mais curta ou rente ao piso (como da foto abaixo) deixa um ar deselegante e pode matar sua decoração. Fique atento, pois esse erro é super comum até por pessoas do ramo.

ERRADO! Visivelmente essa cortina ficou curta. 
Não cometa o mesmo erro.
SUPER LONGA
Passa até 30 cm do chão e deve ser usada SOMENTE em ambientes luxuosos, como os exemplos já citados de ambientes formais e luxuosos.

ERRADO! Esse projeto é contemporâneo e a sobra de cortina 
pesou o ambiente. Houve um exagero por parte do profissional.
Lembre-se: cortina sobrando muito tecido só em ambientes de LUXO!
Além disso, esse tecido escolhido também não deu certo com esse
tipo de caimento.


Cálculo do tecido
A decoradora Chalegre ensina que na maioria dos casos o cálculo do tecido corresponde a 3 vezes a largura da janela. Tecidos mais leves podem chegar a 5 vezes e tecidos mais pesados, 2 vezes.
Ex.: em uma janela de 3 m x1,80 m; tendo o tecido 1,50cm de largura, será preciso duas larguras de tecido para cobrir a janela. Multiplicando então por 3 x a largura da janela para obter o franzido.
1,80m (alt) x 6 (panos de 1,50) =  10,80m de tecido com largura de 1,50m.
Mas calma, não se desespere! Quem vai fazer essa conta para você é o fornecedor da cortina.


A barra da cortina
Quem diria que depois de ter todas essas informações você ainda precisaria se preocupar com a barra da cortina. Sim, você precisa se preocupar, pois vendedores de lojas de cortinas populares sequer vão tocar nesse assunto e possivelmente farão uma barra que pode variar entre 10cm e 15cm. A barra é aquela parte inferior da cortina que fica "dobrada" para dentro, mas aparece visivelmente, especialmente em cortinas claras, de voil ou linho. O indicado é uma barra de 30cm. É um detalhe, mas merece atenção sim.

Certa vez em uma palestra na Tendaggio - ateliê de cortina e decoração renomado em Brasília - ouvi a palestrante dizer que se uma cortina rouba a cena em um ambiente é porque tem algo errado. Ela precisa compor com o espaço, harmoniosamente...

Cortinas e persianas Tendaggio. Foto: Clausem Bonifácio. 

E ai, você imaginava que poderia haver tanta informação por trás de uma "simples" cortina?
No post Cortinas: quando e como usá-las - Parte II abordaremos os tipos de pregas, cortineiros, o tipo de fixação (trilho, varão, bandô..), a questão do pé-direito e as cores. Acompanhe!




Outras imagens deste post:
http://www.tendaggio.com.br/
Dicasenovidades.com.br
Realnobile.com.br
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sábado, 21 de setembro de 2013

Audiência discute regulamentação da profissão de designer de interiores. Mais uma vez CAU interfere

Queridos leitores, peço mais uma vez licença para abordar um assunto sério para os profissionais de designer.

A Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP) da Câmara dos Deputados promoveu nesta semana (17/09) uma audiência pública para discutir a regulamentação da profissão de Designer de Interiores, por meio da aprovação do projeto de lei nº 4.692, de 2012. A audiência foi requerida pela deputada Andréa Zito (PSDB/RJ) no intuito de esclarecer pontos do projeto de lei em discussão e ouvir argumentações de presidentes e coordenadoras de associações de designers de interiores do Brasil. A audiência também teve como convidado o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, Haroldo Pinheiro.

A relatora do projeto, deputada Andréa Zito, disse que quando recebeu a visita da vice-presidente da Associação Brasileira de Designers de Interiores (ABD),  Bianka Mugnatto, não tinha ideia sobre o que fazia um designer. “Nós temos uma noção do que fazem os arquitetos, mas exatamente o que faz um designer eu só tive conhecimento por meio da visita da integrante da associação”, afirmou a deputada, que destacou ter compreendido a importância da regulamentação da profissão e que encaminhará seu voto favorável à aprovação da matéria pela Comissão de Trabalho.

O projeto que regulamenta a profissão de designer precisa ser aprovado pela CTASP para então seguir para a Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania. Como a proposta tramita em caráter conclusivo pelas comissões se for aprovado e respeitado o prazo regulamentar a matéria seguirá para o Senado.


O MEU RELATO SOBRE A AUDIÊNCIA PÚBLICA

Da esq para direita: Profa Nora Geoffroy; Bianka Mugnatto;
deputado, Haroldo Pinheiro e Jonatan Schmidt
Foto: Zeca Ribeiro-Agência Câmara

















Haroldo Pinheiro foi o primeiro membro da mesa a falar e ao invés de 15min (tempo regulamentar para os demais integrantes) discursou por 45 minutos com vários argumentos que demonstraram puro desconhecimento (ou má fé) contra a maioria dos artigos constantes no projeto de lei, afirmando que tais atribuições são EXCLUSIVAS de arquitetos e urbanistas.

Presenciei toda a audiência e vi quando a vice-presidente da ABD se emocionou ao dizer que tem recebido ligações de profissionais desesperados com a perseguição de fiscais devido a resoluções recentes da CAU. “Designer de interiores não são, nem querem ser arquitetos. Só estamos pedindo aqui, por meio desse projeto de lei, que designer de interiores tenham o direito de atuar como designer de interiores”.

Em alguns momentos, o presidente da CAU fez “caras e bocas” e risos sarcásticos (foto) demonstrando seu total descontentamento com esclarecimentos feitos pelos representantes de associações sobre a profissão de designer. E em muitos momentos eu me perguntei por que o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo está tão empenhado em atrapalhar a aprovação do projeto.

Fiquei me perguntando se em dezembro de 2010 – quando arquitetos lutaram para aprovar o projeto que veio a se tornar a Lei 12.378, que regulamenta a profissão de arquiteto e urbanista e cria o CAU (sim, o CAU sequer tem três anos de existência) – representantes do CREA e engenheiros foram lá no Congresso fazer lobby contra o então projeto de lei.

Refletindo sobre isso é que eu sinto ainda mais tristeza pela postura do presidente Haroldo Pinheiro. Do que o CAU tem medo? Dizem por ai que é de clientes preferirem o trabalho de designers ao de arquitetos. Dizem por ai que estão perdendo mercado para os designers. EU REALMENTE ACHO QUE NÃO. Há espaço no mercado para todos. E se o arquiteto tem conhecimento nas duas áreas é muito mais provável que o cliente opte por esse profissional. Ou seja, não há briga. Engenheiro é engenheiro, arquiteto é arquiteto e designer é designer. E quem quiser ser os dois que o seja. Estude para isso.

O CAU precisa se preocupar é em criar resoluções que protejam os direitos profissionais dos arquitetos e urbanistas de picaretas. E não colocar uma categoria profissional contra a outra. Esse tipo de postura preconceituosa e de exclusão não condiz com o tempo em que vivemos e espero realmente que arquitetos filiados ao Conselho informem-se melhor sobre a atuação de seu presidente e repudiem tais iniciativas.


Informe-se. Leia na íntegra o Projeto de lei 4.692/2012, que regulamenta a profissão de Designer de Interiores. Lembrando que faculdades de designer existem há mais de 50 anos e os cursos são devidamente reconhecidos pelo MEC.


LEIA TAMBÉM:
CAU publica resoluções arbitrárias que interferem no exercício de profissão de Designer de Interiores
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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

CAU publica resoluções arbitrárias que interferem no exercício de profissão de Designer de Interiores

Queridos seguidores e leitores deste blog, peço a vocês licença para abordar neste espaço um assunto de extrema importância para os profissionais de designer de interiores e consequentemente para os clientes. 

Presidente do CAU, Haroldo Pinheiro
Foto publicada na Revista AU
Conclamo meus amigos ARQUITETOS e ex-professores a repudiarem a postura adotada pelo CAU - Conselho de Arquitetura e Urbanismo, na figura de seu presidente Haroldo Pinheiro, contra os profissionais designers de interiores. Há dois meses entraram em vigor as resoluções nº 51 e nº 21 da CAU que deveriam especificar o trabalho de arquitetos e urbanistas, e assim garantir a esses profissionais atividades exclusivas dessa categoria profissional que deve e merece ser respeitada, porém tais documentos, em diversos itens, não passam de uma visível INTERFERÊNCIA ao exercício da profissão de Designer de Interiores, o que tem gerado perseguição do próprio Conselho a esses profissionais.

A razão VELADA do documento é uma lamentável briga de mercado que o CAU está encampando contra os profissionais de DESIGNER, profissão que existe há mais de 50 anos no Brasil e possui mais de 90 cursos de ENSINO SUPERIOR (entre tecnólogo e bacharel) reconhecidos pelo MEC.

O presidente Haroldo Pinheiro demonstra DESCONHECIMENTO ou desrespeito às grades curriculares dos cursos de DESIGNER DE INTERIORES e de ARQUITETURA E URBANISMO, pois tais grades NÃO são semelhantes e esses profissionais sempre trabalharam em harmonia durante todos esses anos, exatamente porque as profissões são diferentes, apesar de complementares. (E aqui destaco harmônicos desde que o designer realmente seja designer formado e arquiteto idem e não diversos aproveitadores que existem e se dizem "arquitetos de interiores" ou decoradores e saem por ai fazendo projetos sem nenhuma responsabilidade e ética).

A arquitetura é uma profissão GENERALISTA, voltada para o macro, à CRIAÇÃO de edificações (prédios, casas, hospitais, shoppings), entre outros importantes itens de planejamento como o urbanismo. O Designer de Interiores é uma profissão ESPECIALISTA, na qual a preocupação está voltada para o atendimento de necessidades específicas do cliente que irá ocupar determinado espaço já criado por um arquiteto. O papel do designer não é fazer construções e sim se preocupar com o conforto, segurança, ergonomia, mobiliário, projeto luminotécnico, entre outros.

Muitos professores dos cursos de designer de interiores no Brasil são arquitetos com experiência de vida na área de interiores e fazem seu trabalho seja como arquitetos ou como designers de forma muito competente. Há de se destacar que o interesse particular de cada um e suas devidas especializações foi que lhes ensinaram a trabalhar com interior, por isso esses mesmos professores sabem a importância da faculdade de Designer de Interiores na formação de profissionais para atuar nessa área NÃO CONTEMPLADA PELA FACULDADE DE ARQUITETURA, exatamente por ser um curso generalista, como por exemplo a graduação em medicina, cuja especialização só vem depois.

A falta de respeito do CAU está ainda na resolução nº 21, que tem o intuito de deixar como EXCLUSIVA  de arquitetos e urbanistas para fins de Registro de Responsabilidade Técnica o desenvolvimento Das seguintes atividades:
- Projeto de Mobiliário;
- Projeto de Mobiliário Urbano;
- Projeto de Design de Interiores;
- Projeto de Comunicação Visual para Edificações;
- Projeto de Comunicação Visual Urbanística;
- Projeto de Sinalização Viária;
- Execução de Adequação Ergonômica;
- Execução de Reforma de Interiores;
- Execução de Sinalização Viária;
- Execução de Mobiliário;
- Execução de Mobiliário Urbano;
- Execução de Comunicação Visual para Edificações;
- Execução de Comunicação Visual Urbanística.

Como já dito anteriormente e citando a nota de repúdio da Associação das Empresas e Profissionais de Design do Paraná “Muitas destas atividades sequer são contempladas por grades curriculares em vários cursos de Arquitetura e Urbanismo ao passo que fazem parte das grades curriculares dos cursos de Design. Nos parece que falta esclarecimento sobre o desenvolvimento dessas atividades por profissionais que não são arquitetos e urbanistas, deixando uma lacuna que pode variar de acordo com interpretação, o que não é coerente com um documento que visa eliminar dúvidas. Isto acontece também com o Anexo da Resolução Nº 51 que procura definir conceitos descritos na própria resolução e na Lei 12.378. Um exemplo claro é a inclusão da Comunicação Visual como parte integrante da Arquitetura de Interiores, e portanto atividade exclusiva de arquitetos e urbanistas. A Resolução nº 51 do CAU/BR em nosso entendimento, parece aproveitar-se da falta de regulamentação da profissão do designer, que encontra-se neste momento em tramitação no Congresso.”


Experiência pessoal

Como vivência pessoal posso afirmar com segurança que tais profissões não brigam entre si e que realmente lamento a postura de um presidente de Conselho agindo de maneira tão arbitrária e desrespeitosa. Sou jornalista há mais de 11 anos e há três anos formei-me também no curso de graduação superior em Design de Interiores, aqui em Brasília. Na época em que fiz a faculdade conheci, pelo menos, três colegas do curso de Design que cursavam ao mesmo tempo Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Brasília e UniCEUB e a minha pergunta era sempre a mesma: são realmente grades/abordagens diferentes? Ao que elas respondiam: são totalmente distintas. Elas queriam já sair para o mercado com formação em Arquitetura e em Designer.

Durante dois anos trabalhei em um escritório de arquitetura e design e fui responsável juntamente com outras colegas pela seleção de diversos estagiários que passaram pela empresa. Ali também comprovávamos dia a dia que os alunos advindos do curso de Arquitetura e Urbanismo só conseguiam aprender sobre projeto de design de interiores e detalhamento de mobiliário no estágio. Claro que eles não sabiam detalhar e também não tinham a menor obrigação de saber fazer isso, pois tal atividade não era abordada na faculdade de arquitetura. Era ali no cotidiano que saiam do escritório tendo conhecimento da importância da composição de interior. Alguns candidatos a estágio que queriam trabalhar com construção de casas e edifícios (não que o escritório não fizesse também) eu já dizia logo: aqui a maioria dos projetos são de interior.

No período em que trabalhei nessa empresa, além de mim, havia mais três designers de interiores e quatro arquitetos (uma com formação nas duas áreas). Era um ambiente maravilhoso, de colaboração e de pura troca de experiências. Um dos donos do escritório foi meu professor no curso de Design de Interiores onde me formei.

Sempre digo que há profissionais bons e ruins em todas as áreas de atuação. No jornalismo vi muito colega picareta que só queria o diploma e não dava bola para o curso de Comunicação. No curso de Design conheci gente boa, comprometida, mas também vi muita gente ruim. Do mesmo modo acredito ser a realidade do curso de Arquitetura. Ninguém está livre de maus profissionais que saem por aí se auto intitulando os "tais", mas acho que o tempo e o mercado acaba sempre fazendo essa separação do joio e do trigo naturalmente.

É por isso que não entendo a postura do CAU, que deveria se preocupar em proteger os profissionais de Arquitetura e Urbanismo ao invés de interferir, perseguir e discriminar os profissionais de Designer de Interiores e criar uma verdadeira disputa entre as áreas. Espero realmente que meus amigos arquitetos não caiam nesse discurso fake do presidente do Conselho e consigam perceber o que há por trás disso tudo.

LEIA TAMBÉM:
Audiência discute regulamentação da profissão de designer de interiores. Mais uma vez CAU interfere

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